Continuando com nossa série sobre premissas para executar seu trabalho com eficácia e assim conseguir trabalhar remotamente para qualquer lugar do mundo, hoje vou falar sobre um tema batido, mas muito importante: Organização.

Para mim, o mundo se distingue em dois tipos de pessoas: as que sabem a importância de ser organizado, e as que não sabem.

Você é do tipo de pessoa esquecida? Sempre esquece onde colocou algum objeto, ou então fura compromissos? Ou então se enrola com prazos e acaba deixando tudo para última hora? Então, bem vindo ao clube, eu também sou assim! 

Se você não é assim, então provavelmente você tem seus documentos separados, etiquetados e armazenados de forma lógica, separa suas roupas por cor e tipo, possui extremo controle dos seus gastos. Estou certo?

Mas… e se você não se encaixou em nenhum dos estereótipos acima? Se você acha que o primeiro perfil equivale às pessoas que sabem sobre a importância da organização e o segundo perfil são as que não sabem, eu te digo que uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Organização ou TOC?

Leonardo DiCaprio, como sempre brilhante, interpreta Howard Hughes no filme O Aviador. O filme conta a história de um homem visionário que viveu no início do século. O cara era um bilionário que dirigiu de grandes filmes da época e também foi um obcecado por aviões. Além disso, ele sofria de uma doença chamada Transtorno Obsessivo Compulsivo, abreviada e conhecida por nós como TOC. Veja a cena em que ele lava sua mão e você vai entender do que estou falando.

O cantor Roberto Carlos é outro grande conhecido por sua doença. Por exemplo, ele odeia a cor marrom e vai ficar incomodado se você estiver vestindo essa cor. 

O segundo perfil, que mencionei no começo do post, se assemelha muito mais em alguém que possui algum nível de TOC do que uma pessoa que seja somente organizada.

Por isso é importante saber distinguir o que é organização e o que são manias, ou, em casos extremos, TOC. Como fazer essa distinção?

Qual o custo de ser organizado?

Um dos mantras que uso na minha vida é: Não existe almoço grátis.

Eu poderia escrever um livro somente para explicar as diversas nuances que esse ditado possui, mas vou tentar simplificar. 

É preciso entender que para cada escolha sempre há renúncias. Existe um termo que sintetiza bem esse frase: Trade-off. Em tradução livre, podemos utilizar a palavra troca.

Imagine uma estrada com uma bifurcação. Se você optar por seguir pela esquerda, você terá um caminho mais longo, porém com menos pedágios. Se você optar seguir pela direita, você terá um caminho mais curto, porém com mais pedágios. Neste caso, é preciso fazer uma escolha. Ou você anda menos e gasta mais dinheiro, ou você anda mais e gasta menos dinheiro. Não existe a possibilidade de andar menos e gastar menos dinheiro.

Mas qual a relação disso com a organização?

Organizar algo exige de você um de seus ativos mais preciosos: o tempo. Imagine que você esteja recolhendo a roupa lavada. Você tem duas opções para uma camiseta: dobrar e colocar em uma gaveta só com camisetas, ou então simplesmente jogar dentro do guarda-roupa, em qualquer gaveta. O que leva mais tempo? Sim, simplesmente jogar em qualquer gaveta é mais rápido.

Porém, quando você quiser usar esta camiseta, você precisará vasculhar todo seu guarda roupa, demorar quem sabe quanto tempo para encontrar e ainda precisar passá-la, pois ela estará toda amarrotada. (dica pra quem mora sozinho: se você dobrar sua roupa antes de guardar, você não precisa de ferro de passar roupa 😉)

Este é um exemplo simples e até bobo mas que mostra exatamente o que é o custo da organização. O tempo que você investe organizando será salvo lá na frente. 

Entender o custo da organização também é importante para entender o custo da desorganização. Ao não se organizar, você desperdiçará tempo lá na frente.

Além disso, é bom notar que ainda sim existe um custo. Ter uma gaveta somente com camisetas salva o seu tempo na hora de procurar uma camiseta no meio de camisetas, cuecas, calças, blusões, tênis e qualquer outro tipo de roupa. Conseguimos enxergar um ganho real ao separar roupas por tipo. Agora, qual o ganho de investir tempo separando e classificando camisetas por cor? Nenhum.

Organização no trabalho

Ser desorganizado no trabalho é desperdiçar dois dos seus principais recursos escassos: tempo e atenção. Veja um exemplo do dia a dia de um programador.

Escrever código sem testes automatizados leva muito menos tempo e custa muito menos da sua atenção. Dar manutenção em um código sem teste leva muito mais tempo e te exige muito mais atenção, pois você precisará testar o sistema inteiro novamente para garantir que suas alterações não tenham quebrado nada.

Se isso vale para o dia a dia da programação, vale também para o dia a dia de trabalho, de uma maneira geral. Foi com essa mentalidade que, hoje em dia, eu me transformei em uma pessoa organizada. 

Hoje eu entendo que organizar meu dia seguinte de trabalho ainda na noite anterior me poupa o tempo e a energia mental de ter que escolher qual tarefa eu preciso realizar. Eu entendo que me desconectar de redes sociais, whatsapp e emails durante meu período de produtividade me poupa o desperdício de energia mental utilizada ao trocar de contexto. 

Eu também entendo que não vale a pena ter uma planilha no excel super elaborada em que eu liste minhas tarefas, classifique-as por tipo, escopo, projeto, área (ou qualquer outra classificação que não seja prioridade e importância) porque o tempo gasto na manutenção disso é grande. Uma simples to-do list já é suficiente.

Estes são exemplos de atitudes pequenas, mas que exigem certa disciplina, que evitam desperdícios no dia a dia e, por consequência, me fazem trabalhar melhor e gerar mais valor para meus clientes.