Recentemente falei sobre trabalho remoto neste blog e no canal do Youtube. O post repercutiu, então decidi seguir na temática, destrinchando um pouco mais sobre os detalhes do trabalho remoto.
No último post eu falei sobre a importância da disciplina e hoje eu vou falar sobre a importância de criar hábitos. É importante saber que um tema está diretamente relacionado ao outro. Então, se você não leu o último post, clique no link, leia o post e então volte aqui.
Como sempre falo, meu objetivo aqui é trocar experiências com quem consome algum tipo de conteúdo que eu faço. No post que deu início ao tema trabalho remoto, meu amigo Vinicius Assef levantou um questionamento importante: “Disciplina e constância e Desenvolvimento de Hábitos não seriam a mesma coisa?”
Ótima pergunta! Eu confundi os termos por um tempo, e vejo que ainda muita gente confunde. Eu respondi o comentário dele, mas decidi escrever esse post para explicar a importância do desenvolvimento de hábitos e também me aprofundar nessa diferença.
O começo de tudo
Coincidência ou não, o primeiro post deste blog falava justamente sobre isso. “Disciplina e Produtividade: Criação e manutenção de hábitos”. Esse é o título do post e você pode lê-lo clicando aqui.
O post foi escrito em 2016. Há uns 3 anos e pouco, mais ou menos. Como as coisas mudaram de lá pra cá. Reler este texto foi uma experiência difícil de explicar.
Eu vejo na minha frente um menino de 25 anos decidido a construir uma carreira e prosperar. O ano de 2016 foi a primeira vez em que tive um turning point em minha vida.
Na virada de ano de 2015 para 2016, durante uma viagem para a casa de praia dos meus sogros, eu conheci o blog do Raiam Santos. Para quem não conhece, ele é um carioca da minha idade que foi morar nos EUA sozinho, aos 15 anos, para terminar os estudos por lá. Três anos depois ele conseguiu uma vaga em Wharton, a faculdade que o Donald Trump cursou. Depois disso ele ainda trabalhou em Wall Street e foi jogador da seleção brasileira de rugby. Enfim, o cara é sangue no olho.
(Nota: O título do blog dele era “Ostentação de Sabedoria”. Triste ver que hoje em dia ele é só ostentação de dinheiro, farra e mulher.)
Imagine qual foi minha sensação ao ler os posts do blog dele. O cara tinha minha idade e já tinha morado fora, cursado uma Ivy League, trabalhado no centro financeiro do mundo, representado seu país em um esporte e estava despontando como um grande autor e criador de conteúdo. Já eu só tinha feito até agora trabalhos medianos e dedicava todo o meu tempo livre em diversão, festa e noitada. Esse constraste mexeu comigo.
Naquelas férias de ano novo eu li o blog inteiro do cara, de ponta a ponta. Devorei todo o conteúdo e tomei uma decisão: 2016 seria o ano em que eu ia mudar minha vida! E mudei!
O saldo foram aproximadamente 50 livros ou ouvidos, vários posts nesse blog e bons projetos ao longo do ano. Eu me desenvolvi intelectualmente, aprendi minimamente a trabalhar com dinheiro, aprendi a vender…
A minha vida deu uma guinada forte. Basicamente por três motivos: a minha ambição em querer melhorar, a disciplina de sentar a bunda na cadeira e trabalhar e a criação de hábitos, que tornaram o processo muito mais fácil.
Como funciona o nosso cérebro?
Voltando a pergunta do Vinicius: qual a diferença entre ter disciplina e criar hábitos? Conforme expliquei para ele lá nos comentários do post, a diferença é sutil, mas importante.
A disciplina, basicamente, é uma decisão deliberada sua de realizar uma ação, independente de fatores internos ou externos. Por exemplo: Um atleta que busca ser campeão toma a decisão de treinar todos os dias, independente das dores.
Essa decisão tem um custo muito alto para o seu sistema cognitivo. Biologicamente, o nosso sistema cognitivo quer se livrar do esforço a todo custo. Isso poupa nossa energia para situações críticas. Isso é o nosso instinto de sobrevivência falando mais alto.
Trazendo o papo para exemplos da vida real: Acordar e arrumar a cama é uma tarefa muito difícil para o nosso cérebro, pois depende de uma decisão consciente. Seria muito mais fácil acordar e simplesmente fazer o que der na telha.
Sustentar esse “custo energético” para o nosso cérebro é muito difícil no longo prazo. É aí que entram os hábitos.
Um hábito é algo que você faz sem necessariamente prestar atenção no que está fazendo. Para quem dirige a muito tempo, você precisa dedicar atenção ao momento exato de trocar a marcha, ou você está conversando e simplesmente percebe que já trocou? Ou então, em um caso mais básico ainda: ao andar, você pensa em colocar primeiro a perna direita na frente, depois inclinar seu corpo, depois colocar a perna esquerda na frente, e assim sucessivamente? Não né. Você simplesmente anda.
Biologicamente falando, isso também tem reIação com nosso instinto de sobrevivência. Se o ser humano dependesse de dedicar atenção a qualquer ação tomada, não haveria energia suficiente para outras partes do nosso cérebro pois o sistema cognitivo consumiria tudo.
Então, para resolver este problema, outra parte do nosso cérebro “aprende” as ações que acontecem com mais frequência e libera o sistema cognitivo da “responsabilidade” desta tarefa.
Quer outro exemplo? Ao dirigir, ou até mesmo caminhar, já aconteceu de você começar a conversar com alguém, o papo ficar muito bom e quando você percebe você errou o caminho? Isso acontece porque você não está prestando atenção em qual caminho tomar, então seu cérebro acessa os caminhos que ele já aprendeu e livra o seu cognitivo dessa decisão, liberando-o para continuar prestando atenção na conversa.
A importância de criar hábitos
Já que o nosso cérebro funciona dessa forma, porque não “hackeá-lo”? A ideia é simples: utilizamos nossa disciplina para realizar determinada tarefa de forma constante, até que nosso cérebro “aprenda” esta tarefa e livre nosso sistema cognitivo desse esforço.
Lembra, no post sobre trabalho remoto, que eu também falei sobre constância? Hábitos sendo executados diariamente refletem esse termo.
Quantos livros você consegue ler em um ano, caso você leia diariamente por 20 minutos? Este ano eu já li 20 (e ainda estamos em novembro). Mas, o principal: quanto aprendizado você vai conseguir extrair de 10, 15, 20 livros por ano? Multiplique isso por 5 anos, 10 anos.
Quão bem para sua saúde fará se você se exercitar 5 dias por semana durante meia hora? Em quanto tempo você aprenderá inglês se estudar meia hora durante cinco dias por semana? O poder é exponencial!
Ao criar hábitos você torna o seu desenvolvimento pessoal mais fluido. Se tornando uma pessoa melhor, você passa, dentre outras coisas, a trabalhar melhor. Trabalhar melhor te faz gerar mais valor! Em resumo: a roda vai girar mais rápido.
Certo, mas quais hábitos você deveria desenvolver? No primeiro post deste blog eu tive a pretensão de falar sobre isso. Caguei algumas regras por lá. Hoje eu prefiro fazer diferente. Recomendo que você mesmo teste seus próprios hábitos e descubra quais funcionam e quais não funcionam para você.
Eu ainda mantenho todos aqueles hábitos, mas apenas por coincidência. 3 anos se passaram e eu testei vários novos hábitos. A grande maioria não funcionou. Mas estou falando de mim. Isso não significa que não funcionarão para você.
Por isso recomendo que teste e aprenda com o processo. Lembre-se: O processo é mais importante que o objetivo!