Vivemos na era das startups. A receita é simples: você tem uma ideia inovadora e disruptiva; consegue o investimento necessário para transformar sua idéia em uma empresa; seu produto viraliza e explode; você vende seu negócio para o Mark Zukemberg.

Foi isso que aconteceu com o Instagram, com o Whatsapp e mais umas seis outras startups, pelo menos.

Olhando sob essa perspectiva, é uma teoria bastante interessante. Mas a prática…

O que é um negócio de verdade?

Você sabe qual é o objetivo de uma empresa? É cumprir sua missão? É zelar pelos seus valores? É implementar sua visão? Não! 

O objetivo de uma empresa é dar lucro!

Se você caiu nesse papo de que empresas possuem propósito, sinto lhe informar mais te enganaram.

O fundador da empresa pode até ter um propósito, mas uma pessoa jurídica, com CNPJ, folha salarial e impostos a pagar, não. 

Por que estou te falando isso?

Porque é muito encantador ouvir histórias sobre empresas como Instagram, WhatsApp e outras que foram adquiridas sem ter uma fonte de renda definida, onde todo o combustível do negócio (dinheiro) veio de investidores que acreditavam no valor do engajamento que aquela base de usuários possuía.

O problema com essas histórias é que essas empresas são exceções.

Já vimos livros e mais livros sobre negócios e startups de sucesso. Quantos livros vimos sobre startups de fracasso? Quando falamos de startups, o lado do cemitério é muito mais populoso.

Negócios da vida real…

Ao construir um software, no fim das contas você está construindo um negócio, ou pelo menos parte dele.

O meio como um negócio gera lucro é gerando valor para seus clientes. No caso do Facebook, ele gera muito valor ao permitir você vender publicidade para pessoas que realmente estão interessadas na sua oferta.

E no caso do Instagram? Não havia um modelo de negócio definido no momento de sua criação e desenvolvimento. Obviamente haviam hipóteses. Uma delas tratava-se de vender os dados dos seus usuários.

Imagine um filtro de água. Na parte de baixo do galão existe uma torneira. Na parte de cima, uma tampa. Se você encher esse filtro e manter a torneira aberta, uma hora a água acaba. 

Essas empresas são como esse filtro. Rodam por anos no vermelho, com a torneira aberta, com o objetivo/esperança de que algum grande comprador vai chegar um dia e despejar um caminhão de água na parte de cima.

De novo: Essas empresas não fazem parte da regra, fazem parte da exceção.

Negócios da vida real não possuem essa quantidade de dinheiro para queimar “até dar certo”. Negócios da vida real têm uma fonte limitadíssima de dinheiro para poder gastar no crescimento e melhoria do produto.

E onde eu consigo dinheiro?

Existem várias formas de conseguir dinheiro para financiar um negócio.

Uma delas é como as startups fazem. Buscam investimento anjo para validar suas ideias, depois buscam mais investimento para fazer sua ideia crescer.

Nesse modelo você basicamente precisa vender um sonho para as pessoas. Não há nada de concreto, não há nenhuma hipótese validada. Apenas palpites. 

Além disso você terá que dar uma parte da sua ideia em troca desse dinheiro.

Outra alternativa é conseguir esse dinheiro no banco.

Nesse caso você também vai precisar vender sonho. Com a diferença que aqui você precisa devolver esse dinheiro depois de um tempo, além de dar uma garantia que você vai devolver esse dinheiro.

Nesse caso entra casa, carro, bens pessoais na jogada.

E existe uma outra forma, muito mais difícil, mas muito mais sólida, que é pedir esse dinheiro ao seu cliente.

O cliente é a melhor pessoa para financiar sua ideia. É dele que virão as maiores e mais generosas quantias. E o melhor: você não precisa dar nada em troca e nem nenhum bem como garantia.

Você só precisa entregar uma coisa: VALOR. Resolva o problema do seu cliente, gere valor e ele se sentirá tão grato que fará questão de te remunerar por isso.


Mesmo que você não seja o dono de uma startup/empresa/ideia, mesmo que você simplesmente integre o time de desenvolvimento, você precisa fazer os seguintes questionamentos:

Como este projeto vai gerar dinheiro? Quais os riscos estamos assumindo? Faz sentido para você correr esse risco?

Lembre-se sempre que o objetivo é lucro. Como você atinge seu objetivo? Gerando o máximo de valor para o seu cliente. Todo o resto é besteira!