Tem um tempo, acho que alguns meses, que eu estava scrollando o twitter – que inclusive, resolvi excluir do meu celular e me fez um bem absurdo; assunto para outro post – e me deparei com o meu amigo Fernando criticando alguma “ode a mediocridade”.

Essa é uma expressão que nós acabamos criando (ou nos apropriando?) durante a thread em questão. Confesso que, neste momento, não lembro exatamente qual era o assunto em questão.

Mas o que é uma “ode a mediocridade”? Seria almejar, idolatrar, até mesmo venerar a mediocridade. Basicamente é quando uma pessoa defende, direta ou indiretamente, que o objetivo final deva ser a mediocridade. 

Porém, a mediocridade é boa? Por ter um tom pejorativo, acredito que não. Portanto, se a mediocridade é ruim, por que ocorre esse culto? É sobre isso que quero falar neste post.

Por que não devemos ser medíocres?

Primeiro, é preciso definir o termo “mediocridade”. Quando uso esta palavra, não estou usando no sentido pejorativo. O objetivo é usar o conceito de algo mediano. Ao dizer que fulano é medíocre, eu enxergo que ele é uma pessoa que está na média. Ou então, uma nota 6 em uma prova que valha 10 é uma nota medíocre.

É bom deixar claro também que não há problema algum em ser medíocre. Primeiro porque não tem como ser bom em absolutamente tudo o que se propõe fazer. Isso é uma questão de matemática. Todos temos as mesmas horas, e, ao focar em determinado assunto, acabamos por deixar outros de lado. Eu sou muito mais medíocre do que “não-medíocre”. Você, e provavelmente todos a nossa volta, também são.

O problema não se encontra em ser medíocre, mas sim em buscá-la, como objetivo final. 

Essa é a crítica que o Fernando fazia no tweet em questão e que eu assino embaixo. E por que você não pode aceitar a mediocridade? Porque, via de regra, a vida das pessoas medíocres é uma vida ruim!

Sabe aquela pessoa que vive em função do final de semana? Que entra em depressão no domingo a noite? Que aceita um trabalho merda? Que faz o que não gosta, ouve groselha do chefe e aceita essa vidinha porque tem medo de perder o emprego, porque é este o emprego que paga o dinheiro que sustenta a sua vida.

Essa pessoa não está feliz. A semana é horrível, mas no fim de semana ela compensa. Como diria um grande amigo meu: Ela está na merda, sabe que está na merda, mas não quer sair, porque está fedido mas também está quentinho.

Teoricamente, na média, ela está sendo feliz. Mas isso é mentira, porque da mesma forma que não existe meia grávida, também não existe meia-felicidade.

Você está sendo incoerente!

Você pode argumentar que existem pessoas que sim, se sentem felizes em serem medíocres. Existem pessoas que não possuem grandes aspirações, que se sentem satisfeitas em estar na atual situação.

Para descobrir se isso é verdade ou simplesmente bullshit, eu sugiro o seguinte questionamento: quantas vezes essa pessoa jogou na loteria? Caso nunca tenha jogado, aí sim, eu concordarei com você. 

Caso contrário, esta pessoa apenas está sendo incoerente. Isso porque, se ela realmente gostasse e desejasse a sua vida medíocre, porque ela “arriscaria” se tornar milionária?

A grande verdade é que TODOS querem colher os bons frutos, mas poucos estão dispostos a pagar o preço do plantio.

Endividar-se para comprar um carro, uma casa, ou até mesmo fazer uma viagem, sendo que você não tem como pagar por isso e vai acabar se enrolando financeiramente são exemplos disso.

A ode a Mediocridade

Compare o Brasil das gerações passadas com o Brasil dos tempos atuais. Eu tenho quase 30 anos e me lembro que, na minha infância, com uns 6 anos de idade mais ou menos, eu tive que passar em uma prova para poder ser aceito no colégio onde estudei. 

Se não passasse na prova, não era aceito no colégio. Isso era comum e inclusive incentivado pelos pais.

Não quero entrar exatamente nos porquês de existirem essas provas, mas sim no simbolismo que ela nos trás. Essa prova simula a vida real: é preciso batalhar para conquistar seus objetivos.

Goste você ou não, essa é a vida: não existe almoço grátis!

A vida é dura com todos, cada um à sua maneira. Seja você filho da empregada, seja você filho do patrão. 

Algumas pessoas batalham para ter o que comer, enquanto algumas pessoas batalham para passar em uma prova de um colégio. São problemas reais, cada um à sua maneira e seu contexto. Meu objetivo aqui não é medir quem tem o maior problema, mas sim apontar que todos temos problemas e devemos focar em resolvê-los, independente do tamanho, da gravidade ou da urgência.

Acontece que, no Brasil, nos últimos 20 anos, criou-se uma cultura de que todos temos “direito” a felicidade plena. Ninguém mais pode sofrer, mas, ao mesmo tempo, não é preciso se esforçar para ser feliz.

Só tem um problema: na vida real, esse direito é impossível de ser garantido por outra pessoa, porque só se conquista a felicidade plena através do esforço ativo.

Ah! Lembrei qual era o assunto que eu discutia com o Fernando…

Algumas pessoas defendiam que programadores brasileiros não deveriam escrever em inglês porque aprender programação já é difícil e, ao escrever conteúdo em inglês, nós, programadores experientes, estaríamos dificultando ainda mais essa barreira de entrada para quem quer aprender a programar mas não sabe falar inglês.

Acontece que a grandessíssima maioria dos materiais de qualidade referente a nossa carreira (ou a qualquer outra) estão em inglês. Ou seja, para ser um bom profissional, você precisa saber inglês. 

“Mas eu não sei falar inglês…” 

Aprende, ué. 

“Mas é injusto, porque eu estudei em escola estadual enquanto o outro estudou em colégio bilingue e aprendeu isso ainda criança…”  

Bem vindo ao mundo real, onde a vida é injusta!

Este caso é só mais um exemplo sobre como todo o mundo atual converge para a mediocridade. Ao invés de capacitar o indivíduo para que possa lidar com o alto nível exigido, focamos em em baixar o nível.

Lembra quando sua avó, no alto da sua experiência, dizia que mar calmo nunca fez bom marinheiro? Pois é… 

O ser humano é um ser competitivo, por natureza. Enquanto uma pessoa está buscando um jeitinho para aliviar a barra e conseguir se dar bem sem pagar o preço necessário, tem outra pessoa se esforçando de verdade para atingir seus objetivo. E são essas pessoas que definem o nível do jogo. 

Por fim, são também essas pessoas que são felizes de verdade. Porque, no fim das contas, o objetivo acaba importando menos do que a sensação de felicidade que você sente ao colocar a cabeça no travesseiro e saber que fez o máximo ao seu alcance para atingir seu objetivo.