Eu era uma criança completamente fascinada por saber como as coisas eram feitas. Como o som sai desse rádio? Como o motor do carro liga? Como a televisão funciona?

Quando eu tinha uns 7 anos, meu pai apareceu em casa com um computador. Eu fiquei maravilhado. Minha diversão era ficar fuçando, entrando em pastas, abrindo programas. Eu bolava campeonatos de videogame só para poder montar as chaves do torneio no Excel. Eu imaginava uma escola só para poder montar uma prova no Word. Eu era fascinado por tecnologia.

O tempo passou e veio a internet. Meia noite em ponto eu conectava o modem e começava a navegar por aquele mar de informação. Tudo novo, tudo mato. Nessa época conheci os blogs e em paralelo aprendi a criar páginas HTML com o grande Professor Pedro, o professor de história do ginásio. Um tempo depois conheci o PHP. Minhas páginas agora eram inteligentes. 

Que nostalgia…

Olhando para essa trajetória, o resultado não poderia ser diferente. 17 anos de idade, qual vestibular prestar? Análise e Desenvolvimento de Sistemas, óbvio. Lá na faculdade tive a oportunidade do meu primeiro estágio. Finalmente eu comecei fazer coisas que outras pessoas usariam. Minha arte teve contato com o público!

Foi nessa época também que eu senti o gostinho de ganhar meu próprio dinheiro. Eu comecei a ganhar uma grana legal relativamente cedo. A carreira de tecnologia paga bem, fato. Um cara novo, com menos de 5 anos de carreira, já consegue tirar seus R$ 5k por mês, em números atuais. Uma rápida olhada em sites de vagas já nos trás vagas que oferecem R$ 10k/mês para desenvolvedores mais experientes. 

Eu sempre tive interesse pelo dinheiro, pelo sucesso financeiro. Eu sempre quis mais. E eu percebi que havia uma espécie de teto. Para conseguir salários maiores, R$ 15k/mês, R$ 20k/mês, eu fatalmente teria que me tornar um gestor. Dificilmente se via um programador ganhando um salário nesse nível. O cara precisava ser um gênio. Coisa que eu nunca fui.

Paralelo a isso, sempre tive um certo conflito interno. No Brasil é muito comum vermos pessoas que ganham dinheiro através de maneiras não ortodoxas. “O cara que ganha dinheiro com certeza está passando a perna em alguém”. Quantas vezes você já não ouviu isso?

Eu queria ganhar dinheiro, mas não queria ser cuzão. Como fazer isso? 

Eu arrastei esse conflito por anos. Gerente é algo que eu nunca quis ser. Reuniões, burocracia, relatórios, chefiar pessoas. NÃO! Eu quero programar! Também não quero ser cuzão e ganhar dinheiro em cima dos outros.

Não há NADA de errado em querer ganhar dinheiro

Chegou um momento na minha vida em que eu estava no auge desse conflito. Foi nesse momento em que eu conheci meu amigo Henrique Bastos e toda a galera do Welcome to the Django.

Foi com eles que eu aprendi uma das lições mais importantes da minha vida. Não há nada de errado em querer ganhar dinheiro.

Essa é é o primeiro pensamento que você deve incorporar. Você precisa abandonar essa crença limitante de que só ganha dinheiro quem faz coisa errada.

O brasileiro é um povo sofrido por natureza. Nós somos um país de terceiro mundo. Nossa sociedade é majoritariamente pobre. Tudo isso é resultado de um estado cheio de privilegiados. Resultado de um estado que não fornece o básico que deveria fornecer: saúde, educação e segurança. 

Em cenários como esse é muito mais difícil prosperar. Como correr atrás dos seus objetivos se um esgoto a céu aberto passa na frente da sua porta? Como se especializar em determinada profissão se na sua escola não tem cadeira? Se ninguém te ensinou a ler direito?

Do outro lado, você vê o Maluf saindo do restaurante de Ferrari. Provavelmente estava almoçando junto com os outros pilantras que ele beneficiou com sua tão famosa política de “rouba mas faz”.

Nada mais lógico do que pensar que, para ganhar dinheiro nesse país, você tem que fazer parte do esquema. Esse é o pensamento natural, o senso comum.

Mas eu tenho uma boa notícia para você: Dá pra ganhar dinheiro sendo honesto!

Tecnologia não é fim, tecnologia é meio

Em um dos bares da vida, eu ouvi o Henrique falando uma vez algo mais ou menos assim: “Todo mundo já percebeu que um programador é uma máquina de fazer dinheiro. Menos ele próprio.”

Essa frase mudou minha forma de enxergar o mundo da programação. Eu tinha essa crença limitante de que só ganha dinheiro quem vende sua alma para a empresa. Ou quem assume o enorme risco de construir por si próprio uma grande empresa. Nós, cidadãos comuns, estamos fadados a conseguir pagar nossas contas, e só.

Eu pensava assim porque eu não enxergava a programação como parte de um processo de geração de valor. Eu sempre enxerguei a programação como um fim em si mesmo. Ledo engano.

Nós programadores geralmente somos pessoas apaixonadas por tecnologia. Tenho certeza que você se identificou com a minha história no começo do post porque essa é a história comum. O nosso objetivo primário não é ganhar dinheiro, o nosso objetivo, quase sempre, é construir soluções. É fazer as coisas funcionarem. Dar vida.

Mas as pessoas não está nem aí para as suas soluções, para as suas criações. As pessoas estão preocupadas somente com o problema delas e em como você pode resolvê-los.

Como ganhar muito dinheiro sendo programador

Para ganhar muito dinheiro como programador basta internalizar estes dois ensinamentos que citei anteriormente:

1. Não há nada de errado em ganhar dinheiro

2. Tecnologia não é fim, tecnologia é meio

As tecnologias, de uma forma geral, só existem porque havia problemas a serem resolvidos. Primeiro vem o problema, depois vem a tecnologia. E não o contrário.

A partir do momento que você passar a utilizar a tecnologia para resolver o problema de uma pessoa, você vai gerar valor para este pessoa. 

Quando você gera valor a uma pessoa, essa pessoa se sentirá grata e fará questão de te remunerar por isso. Na percepção dela, o dinheiro gasto vale menos do que o problema resolvido. A troca faz sentido.

Imagine um processo que custe R$ 10k por mês para uma empresa. Isso são R$ 120k/ano. Se você automatizar este processo e seu custo cair para zero, você pode cobrar R$ 30k que o dono da empresa ficará super feliz em te pagar (eu ficaria).

Esse é o famoso ganha-ganha. Você gerou valor ao seu cliente com sua automatização. Seu cliente gerou valor a você te remunerando. Todos felizes.

Foque em gerar valor, foque em resolver problemas, foque em servir. Repita este processo várias vezes e ganhe muito dinheiro!

Bem vindo a mágica do capitalismo!