Passeando pelo site dev.to, eu me deparei com uma thread bem legal que me fez refletir bastante: Se eu pudesse voltar no tempo, que conselho daria para meu eu de 20 anos? 

As respostas são muito interessantes, e, com certeza, dizem muito sobre a história de cada pessoa. Pensando nisso, comecei a pensar o que eu diria para mim mesmo.

Várias coisas passaram pela minha cabeça. A primeira delas é: do que eu me arrependo? Hoje em dia não consigo lembrar de nada que fiz e me arrependi, afinal, sou o que sou hoje devido a meus acertos e também meus erros.

A segunda coisa que pensei é: qual conselho meu eu de 20 anos, rebelde e teimoso, ouviria? Provavelmente só os que o interessasse. Provavelmente seriam conselhos relacionados a diversão e dinheiro, que proporcionaria mais diversão. 

Enfim… refleti bastante e listei três conselhos que daria para o meu eu de 20 anos. A ideia deste post é listar e explicar estes conselhos. Mas antes, quero fazer alguns comentários sobre alguns conselhos que li por lá.

O que as pessoas disseram?

Achei bem legal a experiência de saber o que as pessoas diriam para uma versão mais nova de si próprias. Como disse lá em cima, isso diz algo sobre a pessoa, sobre suas glórias e seus demônios. 

Obviamente, cada pessoa é única. Cada pessoa possui uma história e os conselhos ditos para si mesmo possuem um contexto. Digo isso para que você entenda que eu não estou julgando ninguém, apenas tecendo comentários e levantando questionamentos, ambos genéricos, sobre os conselhos dados.

“Nenhuma empresa premiará sua lealdade”

Concordo 100%. Pessoas devem premiar lealdade, não empresas. O que me intriga neste conselho é o fato de as pessoas esperarem algum tipo de recompensa por sua lealdade, ainda mais de uma instituição.

Eu já fui esse tipo de pessoa. O problema é que o significado que damos a palavra “lealdade”. Buscando no Google, encontrei dois significados para a palavra. O primeiro é “respeito aos princípios e regras que norteiam a honra e a probidade”. O segundo é “fidelidade aos compromissos assumidos”.

Qual compromisso esperamos de uma empresa para conosco? Uma empresa que paga seu salário em dia, te provê uma estrutura mínima de trabalho e cumpre o contrato que assinou com você está sendo leal?

Uma empresa que te demite em uma situação de crise, ou porque você cometeu um erro, ou porque você não está conseguindo se relacionar bem com outras pessoas (ou essas outras pessoas com você), ou por qualquer outro motivo que seja, está sendo desleal? Ou apenas está exercendo uma cláusula contratual?

Por que esperamos que nossa lealdade seja recompensada? Buscamos aprovação ao fazer o que fazemos? Esperamos lealdade ou esperamos que a empresa cumpra um papel de pai?

“Faça coisas que te assustam”

Eu tenho um papel em cima da minha mesa com todas as metas que tracei para este ano. Antes das metas, tenho algumas frases que copiei descaradamente de um dos meus mentores, Filipe Adam. Estas frases servem para reflexão e norteamento do meu dia a dia. 

Uma das frases diz que “O sucesso de uma pessoa pode ser medido pelo número de conversas desconfortáveis que ela está disposta a ter” .

Acredito muito nisso. Crescer é um processo doloroso e só serve para quem está disposto a sofrer agora para sorrir lá na frente. Esse papo é muito bonito e motivador, mas praticar isso no dia a dia é foda. 

Nós, seres humanos, vivemos uma eterna batalha com nosso instinto de sobrevivência. É ele que é responsável por nos manter na nossa zona de conforto. Mas, nascemos só para sobreviver? Ou nascemos para viver, de fato?

Para viver, é preciso fazer coisas que te assustam. Isso se chama superação. Imagine que você precise escrever o seu obituário. O que você vai escrever lá? Quem foi você? E pense… depois de escrever, você estará satisfeito com a resposta?

“Você é o que você escuta, o que você assiste, o que você come, o que você lê e o que você faz”

Esse é um baita de um conselho. Só que é preciso um pouco mais que dois neurônios (coisa que eu, com 20 anos, não tinha) para entendê-lo. Digo isso pois existe mais de uma forma de se interpretar este conselho. 

Se eu pedir para você se descrever, como você se descreveria? Uma pessoa boa? Dedicada? Que odeia falsidade? Que se preocupa com os outros? Que é contra a corrupção? Essas são características que todos nós gostaríamos de ter. 

Você falaria que você é mesquinho? Que você é invejoso? Que você promete mas não cumpre? Que fica quieto quando a moça da padaria te devolve o troco a mais? Dificilmente, né,

Todos nós queremos mostrar apenas o nosso lado bom. Isso é normal. Mas e o nosso lado ruim? Não é porque não mostramos que ele não existe, certo? 

“Walk the talk”. Essa é uma expressão americana que, basicamente, diz para você viver do modo como diz viver. Outra expressão equivalente seria o famoso “skin in the game”, ou seja, coloque a sua pele em risco.

Falar, até papagaio fala. São suas ações que dizem realmente quem você é. Não adianta nada falar e não fazer.

Podemos interpretar este conselho desta forma. Outra forma seria refletir sobre seu dia a dia, sua rotina. Se você dedica grande parte da sua rotina as amenidades do dia a dia, como a novela, o big brother, a série do netflix, o facebook e o instagram, você é uma pessoa com conteúdo?

Se você come besteira todo dia, bebe todo dia, dorme mal e é sedentário, você é uma pessoa saudável?

Pensando nisso, fica mais uma pergunta. Você está satisfeito com quem você é?

Os conselhos que eu daria para meu eu de 20 anos

Depois de ler muitos conselhos e refletir bastante, eu cheguei a conclusão que apenas um conselho seria válido e, mesmo assim, eu não sei se, com 20 anos, ouviria.

O conselho que eu daria para meu eu de 20 anos seria: Comece a fazer terapia amanhã e nunca mais pare.

Eu poderia falar sobre dinheiro, sobre saúde, sobre carreira, sobre sentimentos… nada disso seria útil. Hoje sou uma pessoa muito feliz. Eu trabalho com o que gosto de trabalhar, vivo a vida como gosto de viver e ganho dinheiro suficiente para realizar todas minhas vontades.

Apesar disso, eu sinto que ainda tenho muito trabalho novo para fazer, muita experiência nova para viver, muito mais dinheiro para ganhar e muito mais coisas para fazer. Justamente porque eu, hoje, sou uma pessoa. Amanhã serei outra. 

Meu eu de 20 anos era teimoso. Precisava aprender as coisas por si próprio. O de quase 30 hoje não é muito diferente. 

Mas o que a terapia tem a ver com isso? A terapia me ajudou a me autoconhecer. Foi fazendo terapia que eu conheci meus demônios e, com isso, pude entender o porquê de muitas coisas. 

Hoje eu sou o que sou, e sou feliz com isso, porque eu comecei a me conhecer. Confesso, muita coisa ainda não sei. Mas o que sei vem sendo suficiente para me sentir bem comigo mesmo.

Esse é o conselho que eu daria para qualquer pessoa de qualquer idade. O resto dos conselhos, sem nenhum tipo de contexto, não diz nada para quem recebe, apenas diz sobre quem os dá.