O ano acaba de começar. Estou escrevendo este texto na primeira semana útil do ano, praticamente.
Muitos viajam e desligam a cabeça (foi o meu caso), muitos ficam em casa e aproveitam para reorganizar a vida, e muitos inclusive ficam em casa para justamente não fazer nada.
A virada de ano trás nos trás aquela sensação de renovação, de que um ciclo está se encerrando para que outro possa iniciar. Junto com essa sensação vêm as definições para o novo ano que chega: parar de fumar, perder alguns quilos, voltar a estudar, ganhar mais dinheiro.
Todos nós temos nossas resoluções de ano novo. Porém, pouquíssimos conseguem, de fato, alcançar o objetivo proposto. Por que será?
Porque não cumprimos nossos objetivos
Uma pesquisa feita em 2009 mostra que 88% largam os novos hábitos definidos na virada de ano já no segundo mês do ano. Já outra pesquisa mostra que apenas 8% das pessoas de fato atingem os objetivos propostos no começo do ano. Eu mesmo presenciei um caso em que a promessa de parar de fumar durou exatamente 2 horas.
Por que será que é tão difícil de cumprirmos estes objetivos? Simples: basicamente nós não sabemos estimar nossa capacidade de mudar. Esse feito ganhou até um nome: Síndrome da Falsa Esperança, como descrito neste outro artigo.
Este fim de ano li um dos melhores livros da minha vida: Mais Esperto que o Diabo, do grande Napoleon Hill. Não quero entrar no mérito do conteúdo do livro — até porque vou fazer uma série de artigos somente sobre os ensinamentos contidos lá) — meu ponto é que, no livro, o autor afirma que um dos maiores responsáveis por nossos fracassos é justamente a falta de propósitos muito bem definidos. Ou seja, ter objetivos claros e definidos é MUITO importante.
Porém, além do propósito (ou objetivo), é preciso planejamento e execução. A real é que ter apenas um objetivo não basta, é preciso tirar a bunda da cadeira e se mexer para conseguir atingir este objetivo.
Além disso, mudar seus hábitos é algo trabalhoso de ser feito. Pensa só: você passou um ano inteiro sem definir e cumprir nenhum tipo de objetivo, por que no ano novo seria diferente? Por mais que tenha os fogos da virada, a Simone esteja cantando Então é Natal e o Roberto Carlos fazendo seu especial de fim de ano, o dia 31 é como qualquer outro dia.
Diferença de meta e objetivo
Você reparou que em nenhum momento, até então, eu escrevi a palavra meta? Isso foi proposital, porque quero deixar claro que existe uma diferença grande entre meta e objetivo.
Objetivo é algo que você deseja alcançar. É muito próximo de um sonho. Muitas vezes é intangível. Trata-se de algo que vai te trazer realização pessoal, ou profissional. Casar é um exemplo, ter filhos é outro exemplo, aposentar-se mais cedo é outro exemplo.
Metas são os seus objetivos, ou pelo menos parte deles, desenhadas de forma tangível e quantificável. Trata-se do planejamento, das etapas que precisam ser feitas para que você atinja seus objetivos.
Por exemplo: Casar-se é um objetivo, casar-se até dia 30 de julho é uma meta; ter filhos é um objetivo, engravidar até o dia 04 de Agosto é uma meta; aposentar-se é um objetivo, juntar R$ 1.000,00 por mês durante 20 anos para aposentar-se até os 50 anos é uma meta.
Percebe a diferença? Sem um planejamento com metas, plano de ação e acompanhamento, sua meta não passa de um sonho, e, exceto por MUITA sorte, você não vai realizar este sonho.
Como definir metas e atingir objetivos?
Existem vários métodos para você definir suas metas. O que sempre uso é o método SMART. Trata-se de uma sigla em inglês onde cada letra representa uma característica que sua meta deve conter.
- S de Específico: “Ser mais feliz” não é uma meta pois trata-se de algo abstrato.
- M de Mensurável: “Emagrecer”, simplesmente, não é uma meta pois é algo que não pode ser medido.
- A de Atingível: Sua meta deve ser realista. Se você é um obeso mórbido, com certeza não conseguirá ter uma barriga de tanquinho em 3 meses.
- R de Relevante: Esta meta é relevante? Você realmente quer um carro novo, ou uma casa maior? Ou você apenas quer provar ao mundo que está crescendo na vida? Esta é uma das partes mais importantes de uma meta, pois te faz olhar para dentro, para se autoconhecer melhor.
- T de Temporal: Sua meta deve ter uma data limite, caso contrário você irá procrastinar e NÃO irá cumprir.
Veja um exemplo de uma meta SMART: “Emagrecer 10kg até o dia 31/12/2020”. Ela é específica, pois é tangível; é mensurável, pois conseguimos medir durante o caminho quantos quilos já foram eliminados e quanto ainda falta eliminar; é atingível (no meu caso), pois significa cerca de 10% do meu peso corporal; é relevante, pois de fato eu dei uma engordada 😅; é temporal, pois deve ser atingida até o último dia do ano.
Mas, lembre-se: definir a meta é só metade do caminho. Para atingi-las, é preciso meter a mão na massa.
Minhas experiências com o tema
Depois de muito testar, cheguei a um modelo onde eu costumo definir algumas poucas metas anuais, geralmente uma ou duas, ligadas a dinheiro e saúde, somente. Também, a grande maioria das minhas metas são definidas trimestralmente.
Existe um porquê de eu definir poucas metas. Como disse no começo do texto e em outros artigos, a nossa capacidade de mensurar e prever é bem limitada. Provavelmente vamos errar em algumas metas. Os motivos são vários e nem vale a pena entrar em detalhes aqui. O fato é que você vai errar bastante.
Em relação ao prazo, caso eu erre, é melhor errar somente 90 dias do que errar durante 365 dias, concorda comigo? Além disso, existe um fator matemático: ao multiplicarmos 90 dias por 4 trimestres e por 25 anos, chegaremos ao número de 9.000 dias.
Ou seja, 90 dias equivalem a 1% de 25 anos. Onde você quer estar daqui a 25 anos?
Como divido em trimestres, eu foco em pouquíssimas metas para cada área da vida. Uma é o ideal, duas no máximo. Meu objetivo é sempre ser simples, para que eu consiga atingir os objetivos listados.
As áreas que sempre penso são: saúde, dinheiro, família e conhecimento. Faço isso sempre na vida pessoal e nos projetos profissionais que estou envolvido.
Além disso, eu crio uma planilha e a atualizo semanalmente com a porcentagem concluída. Isso me faz ter uma revisão semanal e me garante perceber com antecedência algum possível erro de percurso, assim consigo tomar uma atitude em tempo de corrigir a cagada.
Fique a vontade para testar, mas, lembre-se: esse é o MEU jeito. Eu mesmo testei vários antes de chegar nesse modelo e recomendo você fazer o mesmo.
O que não pode é deixar de planejar seus passos. Esse lance de “deixa a vida me levar” só funciona para o Zeca Pagodinho.
Feliz 2020!