Como já disse várias vezes por aqui, eu participo de alguns grupos de discussão sobre programação. Toda vez que alguém publica alguma vaga nesses grupos, a primeira pergunta que surge é “Aceita remoto?”.

Trabalho remoto não é mais coisa do futuro, é coisa do presente. Neste exato momento eu estou escrevendo este post do meu escritório, que fica no conforto do meu lar. 

E mais… Neste exato momento eu consigo contar, de bate pronto, pelo menos 10 amigos meus que trabalham remotamente. 

Aqui na Codevance nós não temos sede física. Todos os programadores que trabalham prestando serviço para nós estão remotos. Tem gente em Juiz de Fora, no Rio de Janeiro, em Barbacena. Eu estou na Zona Norte de São Paulo, e tem até gente que também está na ZN, no bairro vizinho. 

O trabalho remoto é realidade na minha vida e na vida destes meus colegas há muito tempo. Mas também tem pessoas que eu conheço que nem sonham com isso. Essas pessoas vivem em contextos diversos e não conseguem trabalhar remotamente. Os motivos e/ou justificativas são os mais diversos possíveis.

Agora, porque será que essas pessoas trabalham com tecnologia e não trabalham de forma remota? Elas não querem, elas não podem? Elas não conseguem?

Um pouco de contexto…

Vamos voltar lá para 2010. Eu tinha 19 anos e tinha acabado de conseguir a minha primeira oportunidade de trabalhar profissionalmente com tecnologia. 

Eu morava na Vila Maria, que fica na zona norte de São Paulo. Meu trabalho ficava na Vila Mariana, que fica na zona sul de São Paulo. Eu gastava cerca de uma hora de ônibus e metrô para chegar no trabalho, e mais uma hora e dez, uma hora e vinte mais ou menos para voltar para casa.

Duas horas e meia do meu dia dentro do transporte público. Na ida até que era tranquilo, porque eu entrava no trabalho a uma da tarde. Fazia todo o trajeto de forma confortável, muitas vezes até ia sentado, porque estava fora do horário de pico. 

Mas a volta, meu amigo…. Só quem mora em São Paulo sabe o que é fazer baldeação na estação da Sé em horário de rush. Aquilo é uma selva. Conseguir entrar no vagão é uma questão de sobrevivência. Você literalmente disputa seu espaço com outras milhares de pessoas. 

Enfim… eu já sofria um pouco com o caos que é o transporte público paulista, mas ainda tinha a mamata de trabalhar no período da tarde e conseguir fazer o trajeto de ida para o trabalho com o mínimo de dignidade.

Foi nessa época que eu comecei a ter aversão pelo trânsito paulistano e pelos deslocamentos em horário de rush.

Passado um ano eu passei a trabalhar em período integral e comecei a viver o inferno de me deslocar da zona norte para a zona sul em horário de rush duas vezes ao dia. É verdade que eu ainda não sentia tanto porque eu ainda vivia uma sensação de novidade. Garoto novo, trabalho novo, programando de forma profissional. As coisas se balanceavam.

Mas as poucos essa sensação de novidade ia diminuindo, ao passo que o meu ódio pelo transporte público e pelo horário de rush ia aumentando. Foi quando eu comecei a procurar alternativas. Entrava mais cedo, saia mais tarde, entrava mais tarde, saia mais cedo. Até consegui alguma melhora, mas nada significativo.

Então eu me rendi. Comecei a ir trabalhar de carro. As duas horas e meia diárias de pé amassado em uma lata de sardinha foram substituídas por duas horas sentado no conforto do meu carro (o suor continuava igual porque meu carro não tinha ar condicionado. Dica: quando for comprar um carro, compre um carro sem uma roda mas não compre sem ar condicionado).

Ufa, a saúde mental agradeceu. Mas o bolso não. Praticamente dobrei meu custo de transporte. Mas, na minha cabeça, ainda sim estava barato ter o mínimo de dignidade para ir e vir do trabalho.

Enfim, os anos foram se passando e esse desperdício ia me incomodando cada vez mais. Para mim, jogar duas horas do meu dia na lata do lixo para sentar na frente de um computador, colocar um fone de ouvido e escrever código não fazia o menor sentido.

“Porra, eu posso fazer isso da minha casa”, eu pensava.

Até que alguns anos mais tarde eu resolvi jogar tudo para o alto e me tornar freelancer. O deslocamento diário e as duas horas desperdiçadas com certeza foram um dos fatores decisivos. 

Nessa brincadeira de freelancer, um ano se passou e eu não sai do lugar. Só consegui projetos merdas. Até que apareceu uma oportunidade de eu ganhar o maior salário da minha vida, até então. Mas era presencial, e lá na zona sul. 

O dinheiro falou mais alto e então lá vamos nós, novamente, para as duas horas diárias de trânsito.

Dessa vez eu aguentei um pouco mais porque o dinheiro era muito bom. Mas com o tempo eu descobri que não era tudo. Passados um ano e eu estava de saco cheio de novo. Pedi as contas e voltei para a vida de freela. E, de novo, o ciclo se repetiu.

Pouca grana, projetos ruins. De novo surge uma nova oportunidade. Grana boa, trânsito novamente. Aceitei de novo. Mas dessa vez foram só seis meses.

Até que dei um basta!

“O que estou fazendo de errado para não conseguir trabalhar da minha casa com bons projetos e ganhando bem?” 

Depois de descobrir as respostas pra essa pergunta não trabalhei mais em outro lugar que não fosse o escritório da minha casa.

Como ter sucesso trabalhando remotamente

Eu te contei toooooda essa história para te contextualizar e te mostrar uma coisa: Para trabalhar de forma remota, você precisa mudar o modo como enxerga o trabalho.

Eu já trabalho remoto há 6 anos. Desses seis, pelo menos quatro eu passei batendo cabeça. Foi somente no quinto ano que eu realmente aprendi como se deve trabalhar remotamente.

Para ter sucesso trabalhando remoto você precisa focar em GERAR VALOR para o seu contratante.

A partir do momento que você foca em gerar valor, você passa naturalmente a entender que você precisa exercer algumas características para ter sucesso trabalhando remotamente.

Meu objetivo aqui não é cagar regra, portanto fique a vontade para discordar de mim. Mas, na minha visão, existem algumas características que são mandatórias para você conseguir performar trabalhando do conforto do seu lar. 

São elas:

  • Disciplina e constância
  • Desenvolvimento de Hábitos
  • Organização
  • Limites

Foi somente depois que eu entendi que meu objetivo era gerar valor que eu enxerguei a importância dessas características.

E sabe o que é mais legal? Desenvolvendo estes quatro pilares você vai conseguir gerar valor trabalhando de qualquer lugar, seja da sua casa, seja do escritório da sua empresa.

O meu ponto aqui não é advogar a favor do trabalho remoto. Meu ponto é advogar a favor do trabalho de qualidade, que gera valor. 

Porém, fato é que, trabalhando com qualidade, o trabalho remoto acaba sendo uma arma que expande seus horizontes.

Se você consegue gerar valor trabalhando para uma empresa que está a 10km da sua casa, você consegue gerar valor para uma empresa que está a milhares de quilômetros e que te paga em dólar. 

E se você estiver duvidando, eu tenho um amigo que ganhava menos de R$ 3 mil reais por mês trabalhando para empresas locais, e que passou a ganhar, literalmente do dia para a noite, R$ 20 mil reais. Isso aconteceu simplesmente porque começou a trabalhar remotamente para uma empresa gringa. 

Tenho outro amigo que hoje ganha U$ 10 mil dólares mensais de dexntro do seu apartamento. Um dólar, neste exato momento, está valendo R$ 4. Faça as contas.

Enfim. O post já está muito longo. Nós próximos posts vou falar mais sobre como você pode desenvolver essas qualidades e largar de vez essa vida de cão que é perder horas no transporte público.

Abraços